O Santander revisou sua projeção para o dólar em 2025, elevando-a de R$ 5,80 para R$ 6, com base em um cenário econômico adverso para o Brasil. De acordo com a economista Ana Paula Vescovi e sua equipe, o principal fator por trás da desvalorização do real é o círculo vicioso entre as políticas econômicas, especialmente no campo fiscal, que tende a se intensificar no próximo ano.
Principais pontos destacados pelo Santander
- Câmbio e diferencial de juros
- O comportamento do câmbio em dezembro evidenciou as limitações da análise cambial baseada apenas no diferencial de juros.
- O aumento da Selic em 3 pontos-base não foi suficiente para fortalecer o real devido à falta de sinais concretos de ajuste fiscal, resultando em uma desvalorização cambial.
- A relação entre juros e câmbio depende do regime de risco:
- Risco elevado: A correlação entre os dois fatores torna-se positiva, e o real se desvaloriza mesmo com juros altos.
- Risco moderado ou baixo: Juros elevados podem atrair investimentos e reduzir a pressão sobre o câmbio.
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- Deterioração fiscal
- A política fiscal é vista como o principal obstáculo para a estabilização macroeconômica.
- A percepção de risco fiscal tem gerado pressão cambial e contribuído para a desvalorização do real a níveis recordes.
- Inflação como nova preocupação
- Apesar de se comportar bem em meses recentes, a inflação voltou ao radar com as revisões no hiato do produto (diferença entre o PIB real e o PIB potencial).
- O Santander aponta que a política monetária continua sendo o principal mecanismo de controle macroeconômico, refletindo a ausência de suporte fiscal.
Projeção e perspectiva
Para 2025, o Santander alerta que sem uma mudança na postura fiscal, a economia brasileira continuará enfrentando desafios estruturais, mantendo o dólar em patamares elevados e trazendo maior instabilidade para preços e expectativas.