A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal alertou em seu Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), divulgado nesta quinta-feira (19), que a dívida pública brasileira pode atingir 102,3% do Produto Interno Bruto (PIB) até o final de 2030, crescendo para 116,3% até 2034, caso não sejam realizados ajustes fiscais significativos.
Projeções alarmantes e necessidade de superávit fiscal
De acordo com o estudo, para estabilizar o crescimento da dívida, o Brasil precisaria registrar superávits fiscais de 2,4% ao ano. No entanto, o cenário atual projeta um avanço contínuo da dívida bruta do governo geral (DBGG), que pode chegar a:
- 86,3% do PIB ao final do atual mandato de Lula (2026);
- 90% do PIB em 2027.
Esses números são mais pessimistas do que as estimativas do mercado financeiro, compiladas pelo Sistema Expectativas de Mercado do Banco Central (BC), que indicam uma dívida bruta de pouco menos de 85% ao final de 2026 e 88,9% até 2030.
2024: um ano de contradições econômicas
O relatório da IFI destacou que 2024 foi marcado por “contradições”, com oscilações entre notícias positivas e negativas, em relação às projeções iniciais.
A deterioração fiscal continua sendo um desafio crítico, mesmo diante de esforços para implementar ajustes e recuperar a confiança dos agentes econômicos.
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Cenário fiscal em deterioração
A IFI alerta que, sem um esforço fiscal robusto e estruturado, a trajetória da dívida pública tende a sair de controle, com reflexos diretos na credibilidade do país e na sustentabilidade econômica.
Entre os fatores que pressionam o endividamento, estão:
- Baixo crescimento econômico, dificultando o aumento das receitas públicas;
- Gastos obrigatórios elevados, limitando a margem para cortes no orçamento;
- Cenário global desafiador, com pressões externas sobre o custo da dívida e o câmbio.